Tema: As causas e consequências da devastação ambiental no Brasil
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema "As causas e consequências da devastação ambiental no Brasil", apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
Texto I
Chuva preta e dias escuros: como queimadas no Pantanal e Amazônia podem afetar outras regiões
Vinícius Lemos - @oviniciuslemos
Da BBC News Brasil em São Paulo
21 setembro 2020
As consequências dos incêndios que afetam os biomas brasileiros podem ser notadas em diversas cidades do país. As queimadas intensas na Amazônia, no Pantanal e no Cerrado atingem, além das regiões mais próximas, Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
A fumaça e as partículas liberadas pelos incêndios são levadas pelo vento a outras regiões. Como consequência, segundo especialistas, o céu desses locais pode adquirir cores incomuns e há riscos de chuva com coloração preta.
Nos últimos dias, a fumaça dos incêndios nos biomas brasileiros, e também da Bolívia, avançou para locais como as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e municípios de Minas Gerais, segundo a Metsul Meteorologia.
Essa fumaça já havia chegado ao Sul do país. No último dia 13, houve relatos de chuva preta na cidade de São Francisco de Assis, no Rio Grande do Sul. A suspeita é de que a coloração escura tenha sido causada pelos incêndios no Pantanal, que enfrenta o pior período de queimadas das últimas décadas.
Houve registro de chuva escura também em municípios de Santa Catarina, na última quinta-feira (17/09). A Defesa Civil do Estado confirmou que eram precipitações contaminadas por partículas de fumaça de incêndios no Pantanal.
Nos próximos dias, segundo serviços meteorológicos, existe a possibilidade de registro de chuva preta na cidade de São Paulo, que está encoberta por fumaça dos incêndios florestais. Em agosto do ano passado, houve precipitações escuras em alguns pontos da capital paulista e regiões próximas.
O céu tomado pela fumaça, que hoje preocupa moradores do Sul e Sudeste, é uma realidade frequente nos nove Estados que compõem a Amazônia Legal - como Acre, Amazonas, Mato Grosso e Rondônia. As pessoas que vivem nessas regiões sofrem diretamente os impactos das queimadas intensas e podem ser expostas a níveis de poluição do ar acima do limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Especialistas apontam que os riscos da fumaça que avança pelo país são menores que os problemas enfrentados pelas pessoas que moram nas proximidades dos biomas duramente afetados pelas queimadas. Apesar disso, a situação é considerada preocupante, por ser um reflexo do aumento dos incêndios florestais no Brasil.
Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-54221704
Texto II:
O garimpo é a forma manual de exploração do solo que tem por finalidade a extração de minerais valiosos. O trabalho é realizado, na maioria das vezes, de forma independente e ilegal, apesar de ser uma atividade normalizada pelo Governo Federal. Essa prática de exploração dos recursos minerais existe desde o século 18 no país e, apesar da massiva ilegalidade e dos grandes impactos ambientais e à saúde do trabalhador, continua em atividade e representa quase 4% do PIB nacional, cerca de R$ 70 milhões por ano.
Para uma melhor compreensão, o garimpo resume-se na retirada de minerais nobres como ouro, prata e pedras preciosas no solo e subsolo das margens dos rios e dentro de grutas. Utilizando recursos baratos, logo, é uma atividade de custo de mão de obra baixo. O garimpo é uma função importante para a economia do país, porém, existe uma série de paradoxos e contradições que envolvem o que diz a constituição e como é praticado.
Os homens do garimpo
O trabalhador que atua nessa atividade chama-se garimpeiro. É ele o responsável por procurar e retirar da natureza o mineral precioso. O garimpeiro, para realizar o trabalho, necessita utilizar metais pesados, como o mercúrio, e explosivos para abrir grutas e perfurações no solo para a escavação manual.
Muitos desses trabalhadores acabam sofrendo com problemas respiratórios, neurológicos e intoxicações causadas pelos componentes químicos manuseados diariamente e também por ficarem expostos a todos os tipos de condições do tempo e do meio.
O Código de Mineração define o garimpeiro da seguinte forma:
Decreto-Lei N° 227/67, artigo 70
"O trabalho individual de quem utiliza instrumentos rudimentares, aparelhos manuais ou máquinas simples e portáteis, na extração de pedras preciosas, semipreciosas e minerais metálicos ou não metálicos, valiosos, em depósitos de aluvião ou aluvião, nos álveos de cursos d'água ou nas margens reservadas, bem como nos depósitos secundários ou chapadas, vertentes e altos de morros, depósitos esses genericamente denominados garimpos".
Impactos ambientais
Desvio dos rios, desmonte hidráulico (no caso de garimpagem mecânica), aterramento de rios e contaminação do solo, ar e águas através de metais pesados, principalmente o mercúrio.
A paisagem de locais onde existem ou já existiram garimpo é modificada por quilômetros, rios têm seus percursos alterados, vegetações são extintas e animais fogem ou morrem por causa da contaminação causada. Por diversas vezes o ecossistema dos locais ficam com danos irreparáveis em definitivo, mesmo com a utilização de recursos tecnológicos para recompor o local.
Desabamentos de grutas e soterramentos de garimpeiros e animais são comuns, as bombas de alto impacto provocam grandes erupções nas rochas e no solo, além da contaminação do local com o chumbo.
O uso do mercúrio nos garimpos do Brasil para a extração de ouro é comum, porém, causa riscos à saúde dos garimpeiros, compromete o meio ambiente e ainda coloca em risco pessoas de comunidades próximas aos locais de exploração. Quando o ouro é encontrado o trabalhador o mistura com mercúrio para que se forme uma espécie de liga, facilitando assim sua identificação e para comprovar se de fato o que foi encontrado é ouro.
Essa liga solidifica e é queimada, eliminando mercúrio na atmosfera, após ser vendido é novamente queimando para que consiga um estado mais limpo do metal precioso e assim possa ser trabalhado e moldado conforme desejo de ourives e designers. Nessa segunda "queima" o mercúrio é lançado no ar novamente, poluindo a atmosfera e afetando a saúde humana.
A Organização das Nações Unidas (ONU) apresentou recentemente um estudo que aponta a América do Sul, Ásia e África como os continentes mais contaminados com mercúrio por causa das atividades garimpeiras. A melhor forma de minimizar esses males talvez seja um mapeamento das áreas onde ocorrem a extração manual de metais, uma maior regulamentação da atividade e controle do trabalho feito.
Texto III